Os pedidos do casal foram molas propulsoras para nossas ideias fluírem. Queriam transformar a casa num local aconchegante, pronto para receber pessoas, onde as plantas protagonizassem nos ambientes. Queriam que esse lar os inspirasse. Nossa imaginação também poderia caminhar para a ressignificação dos espaços: na cozinha, por exemplo, poderia habitar objetos que não fossem necessariamente só ligados ao mundo da culinária.

Como ponto de partida, começamos pela luminosidade. Ao retirar as grades das janelas e ampliá-las, e ao derrubar a parede que existia entre a sala e a cozinha, tivemos a sensação de abrir a casa para o mundo. A cobertura de vidro permitiu a contemplação do céu, mesmo estando no lado interno. Abaixo dela, uma charmosa horta vertical feita de grades de ferro garimpadas. 

Na parte estrutural, a escolha foi um reforço metálico para a abertura de novos vãos, já que a casa era construída em tijolinho maciço. Optamos por deixar essa alteração aparente, pintando de verde a parte de metal e, de roxo, os caixilhos originais – para os novos, mantivemos a madeira natural. Essa combinação de cores não foi aleatória, ela é a preferida do casal. Já a mistura de material foi escolhida por proporcionar um equilíbrio entre o aconchego da madeira e a frieza do ferro. 

A nova elétrica também ficou visível, aproveitamos as eletrocalhas para dar suporte às plantas – sempre que possível, demos um jeito de incluí-las em todos os espaços da casa.

O piso não ficou de fora na reforma. Optamos pelo prático cimento queimado na cozinha e na sala de jantar, e madeira no living. Na área íntima, tivemos uma surpresa: ao retirarmos o carpete, havia um piso de taco maravilhoso. Depois de tratado, ficou impecável.

As reformas continuaram no pavilhão debaixo. O que antes era uma sala, um banheiro e dois cômodos, foi transformado num grande salão de dança com um banheiro maior. A ideia inicial de integrar a casa à sua parte externa foi representada, aqui, com a criação de janelões-bancos que dão vista à paisagem e ao quintal. Para conectar os dois espaços, projetamos uma larga escada de madeira, que também serve de arquibancada em dias de festa, encontros e shows. Fizemos questão de reforçar a personalidade do casal em todos os detalhes. 

Na fachada e em algumas paredes internas, deixamos os tijolinhos originais aparentes. Afinal, entendemos que nem tudo precisa ser derrubado. Uma reforma bem pensada sabe dar nova vida a uma casa, sem deixar de preservar um pouco de sua história.

Texto: Barbara Heckler Fotos: Ale Gustavo